Uma Carta aos Caminhantes

Era o ano de 2006, vinha de um longo caminho de quase 10 anos de serviços constantes à igreja evangélica, uma dedicação tão intensa que minhas lembranças são caras de momentos em que simplesmente com leveza levava a vida, tão intensa que ainda com vinte e poucos anos e já parecia uns 10 anos mais velho.

Nesse ano rompi com tudo que tinha feito da minha vida, apenas uma vida de resultados para fins eclesiásticos. Foi o ano de começar a caminhar junto com os do Caminho da Graça, e nada foi mais libertador nessa caminhada comum, do que as frases do Bregantim no Encontro em Brasília naquele ano, ele falava dos seus sentimentos todos os domingos antes da reunião e de como nunca gerava expectativas e se por acaso não fosse ninguém isso não seria um problema, já estava de tênis e short preparado para fazer sua corrida no parque. Jamais me esqueci disso, naquele dia que orei e sei que algo profundo aconteceu comigo, pois nunca mais tive um dia desde então em que meu coração se inquietasse com qualquer coisa de ordem gerencial, organizacional, só a vida passou a ter importância, nunca mais o sábado.

Assim começou a estação de Fortaleza, e quantas coisas já aconteceram, tantas vieram e já foram, gente que amei profundamente passou, deixou boas lembranças e seguiu. Hoje quatro anos depois já é a 4ª. Geração de caminhantes, nenhum dos que caminham comigo hoje estiveram comigo no começo, e isso não é motivo de tristeza ou de qualquer pergunta, visto que é isso que de fato é uma estação.

Nos últimos dois anos tendo maior contato com os irmãos no Nordeste tenho aconselhado a se libertarem destas preocupações. Manos, não foi para abrir ou manter grupos que fomos chamados, mas para a experiência do Evangelho. Oro para que o aconteceu comigo anos atrás aconteça com cada um que ainda sofre e tem velhas questões que já não deveria mais haver entre nós.

Espero que encontrar-se com os irmãos seja sempre uma alegria seja com um ou muitos, que a reunião tenha um espírito de gozo e não de cobrança para aqueles que só aparecem eventualmente, que cada um não se condene naquilo que aprova, e que entendamos que o Evangelho acontece no chão da vida, e nela há estações, mas a estação não é a vida.

Por aqui continuo caminhando com alegria, envolvido cada vez mais com a fé comum dos do Caminho da Graça, procurando investir de maneira sóbria em tudo que posso. Recebendo com alegria quem chega e quem passa e me despedindo com respeito e honra dos que vão, pois eu mesmo sou apenas um peregrino. Neste tempo muitas coisas têm sido feitas aqui, no Brasil e no mundo, e sei que vou ser útil apenas quando livre tiver para caminhar sem pesos ou angústias, mas com liberdade e fé.

Um abraço a todos meus irmãos que neste tempo têm me dado a alegria de caminhar com vocês.

Ivo Fernandes
Apenas um caminhante
22 de setembro de 2010

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